sábado, 27 de janeiro de 2018

Série Vikings e Crônicas saxônicas de Bernard Cornwell



Há muito tempo ouço  falar desta série e nunca lhe dei a devida importância até que resolvi assistir o primeiro episódio e percebi que sabia muito pouco sobre os anglos-saxões, os vikings e sobre a história daquela área da Europa Setentrional (DinamarcaFinlândiaIslândiaNoruega, Suécia e adjacências) e, então mergulhei em um mundo fantástico de batalhas, honras, promessas, invasões,  piratarias, choques culturais e religiosos.

Ragnar e seus guerreiros me conquistaram, todos os personagens conseguem serem amados e odiados durante o desenrolar da trama e meu personagem preferido é Lagherta, a mulher empoderada, guerreira, mãe e esposa, absoluta e poderosa. A mulher era livre para casar ou não, se divorciar, trabalhar, guerrear, enfim, fazer o que quisesse dentro de seus princípios morais. elas podiam assumir bens deixados por pais, irmãos ou maridos, eram respeitadas com igualdade em uma sociedade em que, ao se aproximar da sociedade cristã, foi perdendo essa característica.

Foi algo que me impressionou muito na cultura deles é o fato da mulher não ser submissa como a igreja cristã pregava naquela época, como é citado na série em que o marido era dono da mulher e faria dela o que quisesse e isso é diferente na cultura nórdica como fica bem representado na série.


Em busca de mais elementos que enriquecessem a série fui atrás de outras informações e, tendo as Crônicas saxônicas, de Bernard Cornwell,  que é uma obra de profunda pesquisa histórica, comecei a ler simultaneamente à série.e tendo uma visão mais ampla e melhor de uma época gloriosa da história da humanidade. É óbvio que eram invasores, saqueadores e não entendiam a religião cristã assim como os ingleses e franceses não entendiam seus deuses e, para mim, este é o aspecto mais curioso.
Os seguintes romances foram publicados, com as datas de publicação no Reino Unido listadas:
LivroReino UnidoBrasil
O Último Reino20042006
O Cavaleiro da Morte20052007
Os Senhores do Norte20062007
A Canção da Espada20072008
Terra em Chamas20092010
Morte dos Reis20112012
O Guerreiro Pagão20132014
O trono vazio20142015
Guerreiros da tempestade20152016
O Portador do Fogo2016NOVEMBRO 2017



A engenhosidade de navegação de seus navios é impressionante, além de serem pequenos, eles atravessavam o mar e eram rápidos em seus ataques e ofensivas chegando e se retirando de forma inesperada, suas vítimas se aterrorizavam ao ver, ao longe, seus navios se aproximando e tendo em suas proas monstros esculpidos que tinham a finalidade de aterrorizar mesmo seus inimigos.



Outro personagem do qual eu gosto muito é o Athestan, o cristão raptado em uma incursão à Inglaterra e que observa e aprende a ser e agir como um viking, compreendendo que há muito o que se conhecer e entender além do que pensava conhecer.

A série tem quatro temporadas disponíveis na Netflix, a primeira com nove episódios, a segunda e a terceira com dez e a quarta com vinte episódios e  a quinta em andamento na Fox Premium.
Vale a pena, vale a reflexão e a beleza, além de se conhecer mais sobre outra cultura e sua história onde se aprende muito, pena que só fui conhecer esta série agora!

sábado, 20 de janeiro de 2018

Tetralogia série Napolitana, de Elena Ferrante

Continuo lendo de teimosa

TETRALOGIA SÉRIE NAPOLITANA, DE ELENA FERRANTE
As críticas têm sido generosas em relação à obra de Elena Ferrante, inclusive há quem cite a autora como uma das escritoras do universo feminino que não podíamos deixar de ler em 2017.
Visto isso, tive o interesse de ler seus livros, pois bem, como não poderia deixar de ser, ao invés de adquirir um e ler, resolvi comprar os três primeiros:
A amiga genial;
 A história do novo sobrenome;
História de quem foge e de quem fica;
E este último livro que não adquiri e nem penso em adquirir ainda:
A garota perdida.
A narrativa me decepcionou, além de transcorrer lentamente, a personagem narradora possui características humanas degradantes de inveja, autoestima baixa e competividade que não se sustenta em relação a outra personagem, sua amiga de infância, demonstrando uma relação abusiva de dominação e submissão onde não cabe motivos para se manter. Entretanto, posso relevar este aspecto imaginando ser possível tal ligação, só que a história se arrasta, coisas que poderiam ser descritas em dois parágrafos, por exemplo, tornam-se enfadonhas tomando inúmeras páginas e os acontecimentos são previsíveis.
A narradora, a personagem Elena Greco, resolve escrever sobre Lila, sua amiga desde a infância, quando percebe que ela está cumprindo o desejo de desaparecer sem deixar vestígios, não há fotos, cartas, mais nada que pudesse ser prova de sua existência e, como uma vingança, resolve escrever para registrar a relação entre elas como forma de não deixar que sua amiga desapareça de vez, como julga ser a decisão tomada por ela e inicia seu livro na infância das duas.
A história inicia-se nos anos sessenta, onde a mulher não tem voz, precisa de um marido que ?lhe ponha no lugar?, precisa ter filhos como forma de reafirmar sua posição na sociedade, poucas mulheres decidem estudar, pois se vê a educação acadêmica desnecessária e, como lhe falta os atrativos que sua amiga Lila possui, a narradora resolve prosseguir nos estudos como uma forma de se sentir superior, em algum aspecto, à sua amiga Lila mas, mesmo não prosseguindo nos estudos, Lila demonstra ser autodidata, minando a confiança da personagem narradora, mais uma vez, de se sobressair em algo e apesar da história acontecer depois da segunda guerra mundial, com resquícios do fascismo, em um ambiente de extrema pobreza, onde predomina o medo da máfia local, onde percebemos traços do feminismo, a obra não se ampara em tais temas.
É o tipo de leitura que se faz acreditando que, em algum momento, possa melhorar, todavia tal fato não se sucede. Li os dois volumes, falta o terceiro adquirido e o quarto, A garota perdida, que será lançado este ano e lerei  como obrigação por ter iniciado a série, preciso aprender a adquirir um volume de cada vez e se apreciar, seguir a leitura, mas a leitora voraz que existe em mim, precisa adquirir os livros e correr o risco de não gostar como aconteceu com as obras de Elena Ferrante, com as quais tive contato pela primeira vez, realmente não achei motivos para os alaridos feitos em torno desta série, talvez a escritora tenha sido feliz em suas obras anteriores que não conheço, mas acredito que sua fama deriva de sua identidade mantida em segredo como é descrito na reportagem feita no site:

http://oglobo.globo.com/cultura/livros/elena-ferrante-que-esconde-sua-identidade-ha-mais-de-20-anos-tem-livro-lancado-no-brasil-16277809#ixzz3bXbuLYEj

Que conta:
 ?Há muita incerteza sobre o pouco que se sabe da escritora. Ela teria nascido em Nápoles, morado na Grécia, estudado os clássicos gregos e latinos (a ?Eneida?, de Virgílio, é uma referência recorrente em ?A amiga genial?). Parece que é mulher mesmo, apesar de boatos antigos de que Elena Ferrante fosse pseudônimo do autor italiano Domenico Starnone (que nega de pés juntos). E teria sido mãe. Só uma coisa é certa: ela acredita que, depois de escrito, um romance não precisa de seu autor. ?

Penso que é esse ingrediente a razão de seu sucesso, o mistério de sua identidade, que instiga os leitores a levantar hipóteses e, através da leitura de seus livros, tentar determinar quem seria ela ou ele.

quarta-feira, 17 de janeiro de 2018

Um mais um, de Jojo Moyes

  • Formato(s) de venda: livro, e-book
  • Tradução: Adalgisa Campos da Silva
  • Páginas: 320
  • Gênero: Ficção
  • Formato: 16 x 23 x 1,6
  • Lançamento: 06/09/2017

Estava vindo de leituras pesadas, histórias densas, não que isso me atrapalhe em dar sequência à enorme fila dos Livros a serem lidos em seu devido tempo, sem meta, só para deixar fluir o prazer de ler, todavia, tive um pico de pressão alta e fui parar em um hospital e pedi dicas às amigas de um grupo de leitura no whatsApp e, como não havia lido nada da Jojo Moyes, me indicaram Um mais um.

 Livro que terminei de ler agora e foi como se ouvisse ao fundo Ed Sheeran (breve associação ao filme baseado em outro livro da autora) e o livro cumpriu sua promessa de proporcionar uma diversão emocionante e divertida.História leve e emocionante que dá para captar algumas lições de vida de forma positiva,  onde é possível acreditar que tudo vai se ajeitar e, às vezes, precisamos exatamente desta injeção de ânimo para encarar a realidade ou outras histórias mais fortes.

Na narrativa temos vários personagens uma com Altas habilidades e sua dificuldade em se encaixar, outro que sofre bullying, a mãe guerreira e outros personagens e como lidam com todas as situações vivenciadas. 

O livro não é só isso, é superação, compreensão e aceitação. A autora escreve com leveza e, ao mesmo tempo, provoca muitas reflexões sobre relacionamentos inter e intrapessoais; sobre amadurecimento e empatia..


Com certeza irei ler outras histórias dela, principalmente, em momentos que requerem tranquilidade e paz, entre sorrisos e olhos marejados de alegria, de uma forma positiva para levantar e enfrentar mais um dia.


    terça-feira, 16 de janeiro de 2018

    Por trás de seus olhos, de Sarah Pinborough



    • Formato(s) de venda: livro, e-book 
    • Tradução: Alexandre Raposo 
    • Páginas: 352 
    • Gênero: Ficção 
    • Formato: 16 x 23 x 1,7 
    • Lançamento: 08/08/2017

    Por trás de seus olhos é aquele livro que nos traz uma história surpreendente, com reviravoltas que, mesmo esperada e ansiada a todo capítulo, nunca é o que imaginamos. Temos três narradores personagens que se alternam ao longo do livro, em que, em determinados momentos julgamos ser a "vítima ou carrasco", cada vez mais nos surpreendendo conforme suas personalidades e ações se aprofundam e vamos desvendando o papel de cada um na trama.

    A história gira em torno de Adele, Louise e David e, conforme avançamos na leitura, pensamos compreender para onde a história caminha, nossos sentimentos se confundem ao tentarmos entender o que cada um deles é como pessoa, quais são as características de personalidade e qual era verdade de cada um, porque agem e pensam daquela forma.

    É intrigante a forma em que cada página que avançamos nos confunde mais ainda ou nos leva a pensar que estamos entendendo tudo, quando tal fato não é verdade e, mesmo assim, ao terminar de ler, o ar nos falta e temos que reler o primeiro parágrafo e os dois últimos parágrafos para entender o que aconteceu  (foi o que eu fiz) e como a autora foi genial ao criar a história e enveredar pelo caminho escolhido pela escrita e imaginação dela. É daqueles livros que você ama ou odeia, não há meio termo, creio eu e, ainda não li nenhuma opinião criticando negativamente o livro.

    Não estou dizendo que a narrativa é perfeita, é um thriller psicológico digno do gênero, melhor do que andamos consumindo na leitura e ficaria muito bom em um filme, até mesmo li que existem filmes com a trama semelhante, porém nunca os assisti e gostaria de ver esse na tela.

    Sendo ficção, devemos estar com a mente aberta para o que está por vir, seu desfecho pega todos de surpresa, mesmo sabendo que devemos prestar atenção em tudo, não estamos preparados para o que vem, nem chegamos perto de como a autora finaliza a história e é tão emocionante que não vi spoiler em nenhuma resenha, eu tentei de todas as formas adivinhar o que viria, mas não deu, não cheguei nem perto.

    Recomendo a leitura para quem gosta de teorizar porque isso é possível de ser feito e, com isso, a narrativa nos consome deixando um gosto de “quero mais” para obras semelhantes porque nela mesma não cabe continuação, deixe a sua imaginação fluir, nem ela dará conta do arrebatamento causado pela história.

    Sarah Pinborough é autora premiada e aclamada pela crítica. Tem diversos romances publicados, roteiros escritos para a BBC e vários projetos televisivos em desenvolvimento. Por trás de seus olhos, seu livro de estreia na Intrínseca, alcançou o topo das listas de mais vendidos do Sunday Times e do The New York Times e teve os direitos de publicação negociados para cerca de vinte países.


    terça-feira, 7 de novembro de 2017

    Resenha Mulheres de cinza, de Mia Couto, trilogia As areias do imperador





    http://www.miacouto.org/#portfolio



    Sempre forte a presença feminina negra nas obras de Mia Couto


    "Mulheres de Cinza" é o primeiro livro de uma trilogia sobre os derradeiros dias do chamado Estado de Gaza, o segundo maior império em África dirigido por um africano.
    Ngungunyane (ou Gungunhane, como ficou conhecido pelos portugueses) foi o último de uma série de imperadores que governou metade do território de Moçambique. Derrotado em 1895 pelas forças portuguesas comandadas por Mouzinho de Albuquerque, Ngungunyane foi deportado para os Açores onde veio a morrer em 1906. Os seus restos mortais terão sido trasladados para Moçambique em 1985. Existem, no entanto, versões que sugerem que não foram as ossadas do imperador que voltaram dentro da urna. Foram torrões de areia. Do grande adversário de Portugal restam areias recolhidas em solo português. Esta narrativa é uma recreação ficcional inspirada em factos e personagens reais. Serviram de fonte de informação uma extensa documentação produzida em Moçambique e em Portugal e, mais importante ainda, diversas entrevistas efectuadas em Maputo e Inhambane.




    Antes de começar gostaria de avisar que sou apenas uma leitora de impressões simples e sem técnica de resenha. Vamos lá!

    Inicia-se o livro com os dizeres "A estrada é uma espada. A sua lâmina rasga o corpo da terra. Não tarda que a nossa nação seja um emaranhado de cicatrizes, um mapa feito de tantos golpes que nos orgulharemos mais das feridas que do intacto corpo que ainda conseguirmos salvar." E é exatamente assim a história da humanidade, desfiguramos a terra para depois tentar retomá-la ao antes.

    Mulheres de Cinza é o primeiro livro da trilogia As areias do Imperador, a personagem protagonista apresenta-se e apresenta a família, da importância ao nome dado a cada ser e de esse nome ser um "ato de poder" e dos vários nomes que já teve em sua curta existência até ali, O livro tem como norte a colonização portuguesa na África, especificamente, em Moçambique. Temos vislumbres das superstições, tradições, sinais de povos tão opostos e tão iguais.

     A história é narrada por dois personagens: a Imani e o sargento português Germano de Melo, os dois pontos de vista significativos diante da guerra, o que sempre me surpreende é a forma magnífica que o autor caracteriza suas personagens femininas, a mãe de Imani tem uma grande sacada para se sair de uma situação muito difícil e consegue com tal maestria e sabedoria que eu jamais seria capaz de imaginar.

    Destaca-se a ferocidade humana diante do conflito armado, como os comportamentos se tornam bizarros diante de grandes transformações, da imposição da língua, da religião, dos costumes do colonizador e colonizados. Uma parte que se destacou e que me fisgou de vez para ler LOGO os três volumes foi este trecho: "Alguns de nós, humanos, temos esse mesmo destino: falecidos por dentro, e apenas mantidos pela parecença com os vivos que já fomos."

    A verdade contida nesta frase conquistou meu coração, sofremos tantas perdas ao longo da vida, tristezas e decepções que terminamos por morrer um bocadinho. Mas não pense que é um livro deprimente, ao contrário, a alegria e a união andam juntas, obviamente a musicalidade, a dança e a alegria é por conta do negro, já o nosso sargento Germano é altamente melancólico, gera um verdadeiro choque de duas culturas.

    Eu poderia retirar trechos significativos e poéticos e lindos e emocionantes e faria um outro livro. Mia Couto é para saborear e ser saboreado e como diz a mãe de Imani - "para a minha loucura basta-me uma pequena porção da Lua". A prosa  de Mia Couto são repletas de imagens lindas que nos evocam a algo antigo e , por mais estranho que pareça no momento, eu e o livro somos um só, a mesma história, as mesmas personagens, a mesma vivência.